Endomarketing não é (apenas) a lojinha da empresa

por
Tatiana Duarte

Você certamente já ouviu falar em Endomarketing, mas se ainda acredita que isso se limita à lojinha de produtos estampados com a logomarca da empresa (aquela lá junto ao departamento de Recursos Humanos), melhor continuar a leitura...

Conceitualmente, endomarketing ("endo" vem da palavra grega "edón" e significa "para dentro") diz respeito à ações de marketing institucional direcionadas ao público interno de uma empresa que visam motivar, engajar e fidelizar os funcionários. Evidentemente que esse processo é estratégico e começa já nas bem sucedidas tarefas de contratação e treinamento e, por essa razão, RH e Marketing caminham juntos nesse propósito.

Evidente que quando se fala em marketing, se fala em posicionamento e, inevitavelmente, se fala em comunicação. Em virtude disso muitas empresas criam campanhas para fortalecimento de marca através de produtos próprios para consumo dos colaboradores. Embora hoje atue com serviços, sou metalúrgica "raíz" e lembro de ouvir através da famosa "rádio peão" o seguinte comentário em algumas empresas por onde passei: "Era só o que faltava... agora querem que a gente compre as camisetas da empresa e fique fazendo propaganda de graça por aí". Ora, aquilo já não me parecia certo naquela época. Afinal de contas, não se chega ao topo do Everest sem planejamento, dedicação, esforço e ação para chegar até lá. Fidelizar é promover o respeito, a empatia, e o entender que, antes de funcionários, estamos falando de PESSOAS. Cada uma com sua história, anseios, propósito e individualidade.

Ações de endomarketing geram o sentimento de pertencimento e valorizam a equipe, aproximando os propósitos da companhia com os individuais. É como sempre digo, não é somente salário, benefícios ou bônus que incentivam os colaboradores. Assim como liderança não está relacionada somente à cargos gerenciais, mas ao comportamento da equipe na sua proatividade, capacidade de resolver problemas e orientação para servir os clientes. Ou seja, aqueles que são leais e comprometidos, vestem (literalmente) a camisa da empresa como se ela fosse sua, reforçando que o sucesso da companhia é o sucesso delas também.

Reduzir o turnover (índice de rotatividade dos funcionários) é um dos principais desafios de uma organização, uma vez que está diretamente relacionado às despesas administrativas e operacionais como rescisões, treinamentos, entre outros. Temos o famoso case da Best Buy, que em 2006 enfrentava uma altíssima taxa de turnover (entre 40% e 60%), e para reverter a situação realizou uma pesquisa de satisfação para conhecer melhor seus colaboradores. Após identificadas as causas, criou uma rede social corporativa interna, a BSN (Blue Shirt Nation), em que os colaboradores podiam trocar experiências e contribuições sem hierarquia. Resultado: em dois meses a rede contava com cerca de 14 mil membros, o que representava, aproximadamente, 10% da equipe da empresa. O objetivo inicial da solução também foi alcançado: entre os funcionários engajados na BSN, a taxa de turnover era de 8%. Esta e outras tantas empresas como Citibank, Fiat e Magazine Luiza são conhecidas por terem excelentes práticas de marketing interno.

Criar oportunidades e eventos de integração para os funcionários, incentivar e reconhecer aqueles que desempenham acima das expectativas, dar feedback, investir em capacitação, e aproximar a alta liderança dos demais profissionais, são apenas algumas das estratégias para um endomarketing eficiente.

Vale a reflexão: sendo a satisfação de clientes e o tão almejado NPS (Net Promoter Score)reflexo dos indicadores obtidos junto aos colaboradores, a energia que você e sua empresa colocam no ambiente externo, está alinhada com o interno?

Não se pode ser Customer-Centric demais e Employee-Centric de menos...